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di Adriana Setti

Todos os caminhos levam ao alto em Stromboli (ou Estrômboli, aportuguesando). A mais remota das ilhas Eólias, no nordeste da Sicília, emerge do mar Tirreno na forma de um cone perfeito, rodeada por uma estreita faixa de areia preta como a asa da graúna. Fazendo um contraste calculado com as encostas escuras desse lugar tão lindamente dark, o vilarejo que abriga a maior parte da população local – 400 valentes dispostos a viver o ano todo na corcova de um vulcão ativo – é um gracioso emaranhado de becos íngremes ladeados de casinhas alvíssimas.

Mal desembarquei em Stromboli e comecei a subir, subir, subir. Cheguei em meio à Festa del Fuoco, um evento hippie até o último fio de dreadlock que traz figuras interessantíssimas à ilha no verão – um colorido contraponto aos tímidos locais. No caminho até a pousada, passei por artistas performáticos, sorveterias charmosinhas, vinhedos de Malvasia, túneis de buganvílias rosa-choque, gente sorridente, figueiras, gatinhos preguiçosos, carrinhos de golfe (não há carros!). Ao largar a mala no quarto com jeitinho de pousada roots da Bahia, eu já estava perdidamente apaixonada.

Mas Stromboli não quer o seu amor. A areia preta vira chapa quente no verão e fincar o guarda-sol requer uma obra de engenharia: Eólias vem de Éolo, guardião dos ventos na mitologia grega. Pá de pedreiro para cavar fundo, quem diria, é assessório praiano entre os escolados do pedaço. Fora isso, o vulcão mais ativo da Europa está em constante erupção, alternando épocas de mais ou menos atividade. Estive lá em um momento de relativa calmaria. Ainda assim, ouve-se o bicho rugir constantemente; o cheiro das profundezas da terra paira no ar e, à noite, dá para ver a lava incandescente jorrar da cratera na chamada Sciara del Fuoco. É lindo e assustador em idênticas proporções.

Escalar o vulcão é o propósito de grande parte dos que visitam a ilha. Dá pra ir sozinho até uma plataforma a 400 metros de altitude. A partir desse ponto, é preciso contratar um guia para subir até o cume (926m). A caminhada ladeira acima começa no fim da tarde e demora umas três horas (no verão, prepare-se para suar em bicas). E a descida é feita à noite, com luz de lanterna. Ou seja, é preciso ter preparo físico em dia e espírito de aventura. Versão boêmia do passeio? Subir até a pizzaria L’Osservatorio, um pouco abaixo da linha dos 400 metros, e ver o gigante cuspir fogo enquanto toma um Malvasia. Para chegar lá a pé, é preciso fazer uma caminhada agradabilíssima de uma hora a partir do povoado de San Vicenzo (super recomendo) – nesse caso, não esqueça de levar uma lanterna para a volta no breu. A pizzaria também tem um serviço de van, aos preguiçosos de nível avançado.(viagemeturismo.abril.com.br) 

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